As redes sociais, especialmente o TikTok, tornaram-se plataformas poderosas para disseminar informações. No entanto, quando se trata de informações sobre autismo, nem tudo o que reluz é ouro. Pesquisadores da A.J. Drexel Autism Institute da Universidade Drexel levantaram preocupações sobre a precisão das informações compartilhadas nessa plataforma popular.

 

O Estudo e Seus Resultados

Publicado recentemente no Journal of Autism and Developmental Disorders, o estudo analisou indicadores de engajamento, como visualizações e "likes", em vídeos do TikTok associados à hashtag "Autismo" ou "autism" em inglês. Os pesquisadores verificaram que a maioria das informações fornecidas não está alinhada com o conhecimento clínico atual sobre autismo.

De acordo com o estudo, dos 133 vídeos mais visualizados que forneciam conteúdo informativo sobre autismo, apenas 27% foram classificados como precisos. Surpreendentemente, 41% foram classificados como imprecisos e 32% como generalizações excessivas.

 

O Impacto da Desinformação

A desinformação pode ser prejudicial de duas maneiras principais. Primeiro, fornecendo informações erradas flagrantes, como alegar que um determinado produto pode "curar o autismo". Em segundo lugar, ao generalizar uma experiência individual para todo o espectro do autismo, o que não representa a diversidade de manifestações dentro da população autista.

 

A Importância da Consciência

Elisabeth Sheridan, Ph.D., coautora do estudo, enfatiza a importância de todos os envolvidos na comunidade do autismo estarem cientes da natureza não filtrada das informações apresentadas no TikTok. "Dada a amplitude do conteúdo sobre autismo no TikTok, é crucial que os profissionais de saúde estejam cientes do tipo de conteúdo relacionado ao autismo que está sendo compartilhado", disse ela.

 

O Papel da Comunidade Científica

Giacomo Vivanti, Ph.D., também coautor do estudo, destaca que é fundamental não apenas combater a desinformação, mas também entender como o autismo e as abordagens atuais para o autismo são percebidos pela grande comunidade de usuários do TikTok. "Isso nos ajudaria a abordar as lacunas que levam as pessoas a buscar respostas no TikTok em primeiro lugar", acrescentou.

 

Conclusão

Enquanto o TikTok oferece uma plataforma para compartilhar experiências vividas e encontrar uma comunidade, também é um terreno fértil para desinformação. É imperativo que tanto os profissionais de saúde quanto o público em geral estejam equipados com o conhecimento necessário para discernir informações precisas de imprecisas, especialmente quando se trata de tópicos tão sensíveis e importantes como o autismo.

 

Para saber mais: Diego Aragon-Guevara et al, The Reach and Accuracy of Information on Autism on TikTok, Journal of Autism and Developmental Disorders (2023). DOI: 10.1007/s10803-023-06084-6

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DANILO PEREIRA